Atelie da bia

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O artesanal

Eu sempre gostei muito de fazer coisas "cas unha". Acho que desde que fui apresentada à tesourinha e a cola branca já tentei inventar um pouco de tudo: postinho de gasolina, colares de jornal enrolado, massinhas de farinha (que bichos comeram depois), massas com cola, telefone feito com caixinhas, televisão com caixa de sucrilhos... O negócio não era ficar pensando em questões modernas (como às vezes fico hoje por conta da faculdade), mas ficar imaginando coisas.


Minha mãe, pobrezinha, nunca podia jogar nada fora. Eu queria usar tudo o que poderia ser recortado, colado e reinventado. A maior tristeza era quando eu percebia que uma criação minha tinha ido parar no lixo - na maioria das vezes, já estava na hora mesmo. Era um chororô... até chegar a próxima invenção!


Sempre adorei isso. Imaginar, mexer meus polegares opositores e tcham tcham..! Conseguir produzir algo que estava só na cabeça. E o "produzir" é a parte mais legal... é exatamente ali que fica a marca do artesão, as cores que gosta mais, as combinações que tem a ver com sua personalidade. Até as "falhas" me parecem bonitas! Refiro-me as "falhas" do que é feito a mão...porque as máquinas não costumam deixar rastro nenhum. Está mais para uma "perfeição desumana".

Às vezes, imagino que nasci em um tempo errado. Afinal, não me encanto por programas de computador para criações artísticas, apesar de reconhecer que são valiosas ferramentas e não há como mudar isso.

Mas, chega de visões pessimistas sobre as manualidades, as coisas artesanais... elas estão por todos os lados. Basta prestar atenção, como podemos ver em cada  festa de aniversário comemorado, ou mesmo, festas de casamentos, batizados... ainda podemos ver o artesanal nos teatros, circos, na música tocada por um artista em seu show, no dente feito especialmente para sua boca, nas joias, num arranjo de um buquê, numa ilustração, na casa dos seus sonhos.... Acho que muitas das coisas especiais que guardamos são artesanais (não estou fazendo nenhum artigo aqui, não vou ficar falando em conceitos), únicos, queridos.

O artista que não se submete ao mundo tecnológico para multiplicar suas criações através de aparelhos corre o risco de não ganhar muito dinheiro e/ou visibilidade.

A gente precisa reconhecer e valorar o que é feito artesanalmente, expressão de um momento, de uma pessoa, de uma inspiração. Uma coisa bem diferente dos produtos de massa homogeneizados, que não são vilões, mas não deveriam ser reis. Não vou me estender mais, só queria dizer que em um mundo de tantas mudanças, ninguém deve se surpreender se pegarmos uma rota que vá contra a maré.

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